Descrição
Crônica de um romance explícito
Romances ambientados em regiões rurais configuram-se em um dos mais ricos e sedutores filões da literatura universal. […]
Este Aterrado, de José Lobo, pertence a esta linha, e ainda mais: insere-se na linha do romance de cores regionalistas em cuja trama avulta a sombra gigantesca de um personagem que a todos domina, de uma forma ou de outra, estando ele presente ou não.
[…] o Senhor do Aterrado é quem dá as cartas, quem as embaralha e joga de mão no livro de José Lobo.
[…] Afora isso, o livro tem outra particularidade marcante: nele, vai se elaborando o roteiro (de uma peça?, de um filme?), numa estrada infinita, num ônibus que é como se fosse a permanente excursão de uma companhia de teatro ou um set ambulante de filmagem. Naquele espaço movente, os personagens migram ora da realidade para a ficção, ora percorrendo o caminho inverso, tecendo a trama da obra como um todo. Ali estão as gentes da Fazenda do Aterrado e de suas circunvizinhanças: Dionísio e Padre João num jogo em que se misturam o sagrado e o profano, sugestões de relação homoafetiva, distanciamento e aproximação, um sonhando em ter para si aquilo que o outro possui e pertence, por direito adquirido, só e exclusivamente a ele. […]