Descrição
Dose de Cicuta nasceu da própria saliva. Saliva que escorre e escapa da língua felina. Saliva venenosa extraída da planta, cujo líquido matou Sócrates. Mas, com uma taça de cicuta nas mãos brotou um livro. Fui regando cada página, jogando levemente o líquido, vendo-a fortalecer. Às vezes, um algodão encharcado era passado nas folhas em branco, como se estivesse fazendo um curativo. Letra a letra foi surgindo, formando palavras, frases, orações, períodos, parágrafos e, enfim, texto. Anos e anos regando a obra para, enfim, oferecer ao leitor o cálice final: uma dose de cicuta.