Descrição
Esta obra resgata traços da memória e história mato-grossense, trazendo à luz aspectos do processo civilizatório brasileiro postos pelo catolicismo pós-tridentino português; uma tentativa de estabelecimento de padrões morais e sociais.
A utilização da Arte aliada ao discurso salvacionista e ordenador do Antigo Regime enquanto linguagem e aparato simbólico serviram no século XVIII como instrumento pedagógico por excelência; signos eficientes de valores que se queria propagar, acionando processos sociais, afetivos, sensoriais, imaginativos. É quando Arte, História, Educação e Política se imbricam no campo das representações, cenário em que, reconhecidamente, o Patrimônio Cultural, adicionado pela força coercitiva, política ou mesmo emocional dos grupos sociais, surge como força motriz de memórias e identidades.
Cremos que o grande desafio hoje na área patrimonial e das memórias, para além de sua salvaguarda é sua reinvenção. Educadores, historiadores, museólogos, artistas, a provocação que se põe é a descoberta de novos sentidos e novas relações com o antigo e o tradicional.
Esta leitura provoca-nos o exercício junto a acervos da cultura, do desmascaramento dos jogos ideológicos, das percepções que trazemos mas que são do outro, dos sonhos que carregamos e não são nossos, das possibilidades de produzir conhecimento unindo o tradicional e o contemporâneo. É desta forma que o Patrimônio posto (seja religioso, artístico, natural, histórico ou científico) consegue encontrar ressonância na população que o abriga, a percepção do passado atuando no presente, a História se concretizando na ação do hoje e nos percebermos sujeitos históricos, formadores de memórias.